Abaixo-assinado

Ao Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo

Referência: Processo CONDEPHAAT 010.00000068/2023-56

Somos parte e vivemos nesta floresta urbana, cultivamos O verde e convivemos cotidianamente com estes animais

Prezados senhores e senhoras

Cientes de que está em fase de estudo o tombamento do São Francisco Golf Clube e Entorno, nós, moradores do local onde antes era a Chácara São Francisco da Família Matarazzo e onde se situa a Casa de Campo de Victor Brecheret, vimos nos manifestar e requerer que esta manifestação seja considerada no processo de estudo de tombamento.

Informamos que frequentamos todas as áreas verdes do local, a alameda de árvores da Av. Cândido Motta Filho, para lazer, contemplação, exercícios físicos e espiritualidade.

Nossa região, na divisa entre São Paulo e Osasco, tem como característica de ocupação o ar bucólico conferido pela Alameda, Áreas Verdes, Praça, Capela e Convento, e a extenso maciço arbóreo e arborização urbana, que se confunde na paisagem cobrindo totalmente as ruas e abraçando quem passa por elas, que sente a diferença em termos de temperatura e qualidade do ar. As árvores se conectam pelos ares, ocupando ruas, praças, propriedades privadas. É algo que nos traz o sentimento de pertencer, temos com muito orgulho e carinho este local por causa dessa característica, e isso faz com que este local seja diferente dos outros, no sentido de estar.

Isso enche nossa vida de alegria, de raízes, e permite que tenhamos uma cultura, uma forma de viver, conectada à mata atlântica em meio a uma grande metrópole, algo que nos dá muito orgulho. É isso que marca nossa vida aqui, neste local, que é diferente do entorno, em que não se localizam as árvores e os animais.

Temos consciência de que o nosso local de morada só é assim pela extensa floresta urbana que tem, e que se mistura em propriedades privadas e públicas, dando abrigo aos animais. Caso as árvores da praça, da avenida, do parque e do entorno sejam cortadas ou a circulação das aves especiais da mata atlântica interrompida por construções de elevado porte e sem a mesma arborização, temos medo que essa nossa forma de vida se perca, que os animais da mata atlântica com os quais convivemos a todo o tempo não mais fiquem por aqui, o que implicará em grande alteração na nossa cultura.

Por isso, vimos manifestar ao CONDEPHAAT nosso sentimento e pedir para que o CONDEPHAAT leve esse nosso depoimento em consideração visando preservar e valorizar a cultura de vida com a natureza que se instalou neste local da Vila São Francisco em São Paulo e nos bairros Adalgisa e contornos vizinhos com Vila Yara em Osasco, que na verdade são todos parte de um mesmo local, os remanescentes da Chácara São Francisco anteriormente detidos pela Família Matarazzo. Pedimos que sejam preservados e protegidos os maciços arbóreos que alicerçam esses valores culturais do modo de vida deste local.

Existe nesse local uma verdadeira Floresta Urbana. São os maciços arbóreos e as áreas de convívio que compõem tal Floresta Urbana, que dão o contorno verde da paisagem deste local em que habitamos e do qual pertencemos. Pedimos o reconhecimento desse nosso valor cultural ecológico pelo tombamento da paisagem cultural dessa floresta urbana formada pelo São Francisco Golf Clube e Entorno, que é abraçada pelos locais nos quais convivemos (vide detalhamento a seguir).

Essa Floresta Urbana segue sem interferências de construções de elevado porte. Para não prejudicar o trânsito da fauna aviária, pedimos que seja aplicado, no perímetro a ser tombado, o gabarito de altura já adotado pelo Município de São Paulo para o zoneamento da região, qual seja, 28 metros. Com isso, o corredor ecossistêmico porta-sementes, que valoriza a paisagem cultural daqui, não será interrompido e os pássaros poderão voar livremente também pelo entorno: Universidade de São Paulo, Instituto Butantã, e o Parque dos Príncipes e Chico Mendes, em Osasco.

Trata-se de uma das últimas e expressivas Florestas Urbanas em Osasco e São Paulo, planejada e cultivada para abraçar a sede da Chácara no Século XX e que abraçou também a Casa de Campo de Victor Brecheret, um dos fundadores do São Francisco Golf Clube. Essa paisagem cultural e ecológica está ameaçada agora no Século XXI, bem no momento em que a civilização da qual fazemos parte estabeleceu como objetivos do desenvolvimento a preservação da biodiversidade nas cidades sustentáveis. Nós pedimos que o Estado de São Paulo, pelo CONDEPHAAT, preserve esta rara floresta urbana histórica, na qual vivemos, tão querida para nós.

Imagem da Floresta Urbana que desejamos

Imagem da Floresta Urbana que desejamos

Em meio ao perímetro em estudo de tombamento. Locais de convívio e contemplação: 1 – a Praça São Francisco de Assis, Alameda  Av. Cândido Motta Filho, CEP 05576-100; 2 – as árvores da Alameda Av. Cândido Motta Filho; 3 – a Capela São Francisco de Assis na Alameda  Av. Cândido Motta Filho, 629; 4 – o Convento atrás da Capela; 5 – o Parque Colinas de São Francisco na Alameda Av. Cândido Motta Filho, 751, definido no Portal GeoSampa como PQ_BT_15; 6 – o Parque Municipal localizado na Rua Lopes Portana criado pela Lei 17.975/23 e identificado como PQ_BT_25 no Portal GeoSampa; 7 – a Praça Enedina Rosseti, CEP 06026-330; 8 – a Praça Luiz Antônio Braga, CEP 06030-260;

9 – a Sede da associação SOGIZA, Av. Manoel de Nóbrega, 815 – Adalgisa, Osasco – SP, 06030-150; 10 – a Sede da associação da Vila Yara, R. José Carlos Catano, 21 – Vila Yara, Osasco – SP, 06026-060; 11 – A vegetação imune ao corte classificada como vegetação significativa em São Paulo desde 1989 e até 2023, situada no polígono definido como Ch01 – Remanescentes da Chácara São Francisco, pelo artigo 15 do Decreto 30.443/89, situados ao largo da Rua Doutor Cândido Motta Filho, Rua Professor Astolfo Tavares, Rua Guido Mazzoni, Rua Lopes Portana e Estrada das Cachoeiras (atual Rua Conde Luiz Eduardo Matarazzo); Rua Sabbado d’Angelo, 437 e 657, Rua José Oiticica Filho x Rua Álvaro de Mendonça; 2 – A vegetação de preservação permanente que constitui bosque ou floresta heterogênea (quatro espécies diferentes no mínimo) com área superior a 5.000 m2, situada em locais públicos e privados em Osasco, protegidas como vegetação de valor paisagístico significativo desde 1978 e reconhecidas como de interesse social desde 2005 (Lei 1.485/78 e Lei 3.995/05).

Somos parte e vivemos nesta floresta urbana, cultivamos O verde e convivemos cotidianamente com estes animais

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